Liberdade dos corpos

2ª Edição

A CriptoFunk é um evento-festa sobre cuidados integrais e Internet que acontece na favela da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. E a ideia é essa mesmo: sentar ao som do 150bpm enquanto discutimos democracia, privacidade, criptografia e cuidados digitais. A gente acredita que o debate sobre segurança precisa ser feito a partir de um olhar integral: nossos corpos precisam ser cuidados juntos, do digital ao físico, do individual ao coletivo. É por isso que o nosso lema é “Criptografar dados e descriptografar corpos”. Não dá pra cuidar de um e esquecer do outro.

Por que o funk? Pra botar o corpo no jogo e mostrar que resistência também se constrói com prazer e alegria, nada melhor que o funk carioca. Uma tecnologia que traz a consciência corporal e a descoberta do corpo com seus prazeres e potências. É claro que quando a gente convoca o funk, vem o baile inteiro e outras questões são colocadas à mesa, como criminalização, racismo e um projeto de segurança pública que há décadas massacra pretxs, pobres e faveladxs.

Por que a Maré? Se para a CriptoFunk o corpo importa, os territórios onde os corpos habitam e transitam também. Por isso, achamos fundamental que o evento seja realizado no Complexo da Maré: as soluções para as questões de privacidade e liberdade na Internet, que são muito novas pra todo mundo, só podem ser construídas a partir de múltiplos olhares, lugares e experiências. Também é preciso reconhecer e fortalecer o lugar de produção de conhecimento e tecnologia da favela.

Por que o financiamento colaborativo? A parada é a seguinte: a segunda edição da CriptoFunk está marcada para o dia 14 de setembro de 2019. Já tá tudo planejado, certinho, só falta o dinheiro pra tirar o projeto do papel (risos, choros).

No palco

Local

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programação completa - 2019

14 set, sábado

14h

Mesa de abertura: Democracia, Privacidade e Jornalismo

The Intercept, Intervozes E Data_Labe
O escândalo da Vaza Jato, reportado pelo The Intercept Brasil, levantou uma série de questões relacionadas à privacidade, segurança digital, transparência do Estado e liberdade de imprensa. Qual deve ser o papel do jornalismo e dxs comunicadorxs num contexto em que a democracia está sob ameaça?

15h

Ciberativismo negro: A Vigilância do Estado e o silenciamento social

Joana Souza
Essa conversa tem o intuito de trazer a discussão sobre a vigilância ao ciberativismo de pessoas negras, e a sua repercussão nos meios de comunicação e debates sociais.

A tecnologia tem cor e sexo?

Diego Cerqueira E Thayane Guimarães
Como funciona a internet? Isso que chamamos de internet, tem alguém que é dona? Quem paga a conta? Nessa roda queremos construir todas juntas a imagem do que seria essa internet e conversar como é o nosso papel nela.

Oficina de cuidados digitais

Inaê Diana Ashokasundari Shravya
A atividade consiste na explicação da noção de ficção científica, compreendendo esta como potencializadora na criação de alternativas frente ao campo do possível, pensado exatamente para que não encontremos saídas das adversidades cotidianas.

Ontologias hackeadas: literatura de ficção científica e sua função na emancipação humana

Tânia, Amarela E Lucas
O racismo ambiental, estrutural e institucional atravessa diariamente a vida dos moradores da Maré e apagam outros saberes. Partindo disso, será realizada uma roda de conversa a partir da ancestralidade de dois mais velhos da Maré, que por meio das tecnologias e conhecimentos cultivam maneiras de resistência no território.

16h

O silêncio dos homens + roda de conversa sobre masculinidades

Allan Gomes
Exibição do filme “O silêncio dos homens” e roda de conversa sobre masculinidades.

Autoconhecimento e autocuidado sexual e ginecológico

Nadia Costa
Oficina sobre autoconhecimento e autocuidado sexual e ginecológico. Além disso, um debate sobre corporeidade e autonomia em saúde.

16h30

Piranhas Team

Este ano a proposta é ir além, o Piranhas Team vai oferecer uma oficina na qual os participantes sejam incentivados a participar de simulações de agressão, executar movimentos, defesas, golpes, que os proporcionem experimentações e reflexões sobre os potenciais do próprio corpo e da capacidade que todes tem se defender.

Construindo desinformação: desmontando fake news

MediaLab E Laboratório De Estudos Digitais
Para a segunda edição da Criptofunk, o LED (Laboratório de Estudos Digitais) em parceria com o MediaLab UFRJ elaborou uma “oficina de fake news”

18h

As máquinas também sonham: criando bots para Twitter

Steffania Paola
Nesta oficina será possível criar robots que falam frases feministas, robots que misturam letras de funk e até publicações que estejam relacionadas a campanhas de comunicação.

Mulheres e tecnologias do corpo

Andreza Jorge, Taísa Machado E Maria Chantal
Nessa roda de conversa vamos nos conectar ao autoconhecimento do corpo feminino e resgatar as sabedorias ancestrais. Tecnologias do corpo feminino.

19h

Criminalização do Funk

Raull Santiago, Iasmin Turbininha, Deize Tigrona E Renan Valle
Conversa sobre a criminalização dos produtores de baile de favela e do funk.

20h

Os bastidores do 150 bpm

DJ Renan Valle
Apresentação da história de criação do 150 bpm na Nova Holanda e demonstração das diferentes batidas do funk (95, 130, 150, 160 e 170 bpm).

20h30

Oficina AfroFunk

Hora de descriptografar os quadris! Última oficina do dia: Afrofunk, com Taísa Machado. Ao som de muito funk, aprenderemos a soltar o quadril, a rebolar em vários estilos do mundo e a se achar linda demais.

21h

Baile!

Iasmin Turbininha, Gabi Lino, Renan Valle E Volooptaz

CriptoFunk celebra a liberdade dos corpos na Maré

A segunda edição da CriptoFunk mostrou ainda mais a urgência de conectar os debates sobre a segurança digital e a segurança física. A festa encheu o galpão Bela Maré de gente que queria discutir tecnologia e, ao mesmo tempo, celebrar e defender a liberdade dos corpos. Ativistas, jornalistas, desenvolvers, artistas e outres compartilharam seus conhecimentos e reflexões sobre democracia, cultura, privacidade, cuidados digitais e autocuidado.